segunda-feira, setembro 15

Será que alguém cobriu os biscoitos?

Às vezes eu me pego pensando em como tudo seria tão mais simples se eu seguisse os planos, os planos óbvios que são receita pra o sucesso, do tipo estudar rotineiramente e manter o assunto em dia, não passar a tarde toda na internet, dormir cedo pra não ficar com sono na aula, etc. Mas nunca é tão simples quanto parece, sempre aparecem "coisas" e motivos pra sair do planejamento inicial.
Então... Um dia desses duas amigas minhas vieram aqui em casa passar um tempo, bater um papo e, pra mim, tirar a cabeça de algumas coisas. Fomos no mercado comprar ingredientes e passamos a tarde na cozinha ouvindo musica alta, cortando chocolate, batendo massa e fazendo cookies (tenho certeza de que existem fotos no celular de alguma de nós). Conversamos sobre dramas recentes e festas futuras, queimamos duas fornadas de biscoitos e fizemos o bolo do aniversário do meu pai (e é assim que nos mantemos em forma).
O ponto do post não é guloseimas assadas, isso foi só explicando como os cookies chegaram na minha mesa, porque, desde que todos foram dormir e todas as luzes da casa estão apagadas (menos a do meu quarto), a única coisa que passa pela minha cabeça é "será que alguém cobriu os biscoitos?". De verdade, imagina que lástima seria termos passado a tarde toda fazendo todos esses cookies pra as formigas devorarem-os? Eu não posso ser a única que fica noiada com algumas coisas antes de dormir, certo? Coisas que eu teria como resolver, mas bate aquela preguiça ou medo da casa em breu ou até a decepção de me dispor a levantar e ir até a cozinha só pra descobrir que, de fato, os biscoitos haviam sido cobertos...
Talvez eu não faça isso somente antes de dormir, até porque amanhã recomeçam minhas aulas e já bateu aquele sentimento de não ter realizado nem metade das coisas em uma das minhas listinhas do que fazer durante as férias. Não li aqueles mil livros nem assisti aquelas vinte séries ou aqueles vários filmes cabeça que me fariam questionar a vida, o universo e tudo mais. Passei a primeira metade das férias quase sem pisar em casa, todos os dias na casa de Vic (fazendo cookies) ou ocupada e conhecendo gente nova, o que foi ótimo, mas fora dos planejamentos. A segunda metade eu passei em casa, num extremo oposto, procrastinando, descobrindo novos canais no youtube e mal fazendo qualquer outra coisa, sem "interessâncias" nem nada além de conflitos internos de quem fica ocioso demais. Não há motivos pra eu simplesmente ficar em casa sem fazer nada (esses motivos nunca existem, não é mesmo?). Por mais que eu tente justificar dizendo que eu estava cansada dos meses de aula, mas não estava, eu estava só naquela preguiça de fazer algo, medo de fazer e acontecer algo de ruim ou até a decepção de me dispor a fazer algo, me dar ao trabalho de me esforçar só pra descobrir que o esforço foi em vão, que não fez nenhuma diferença...
É o peso de medo sobre medo que nos puxa pra baixo e nos faz não fazer o que sabemos que devemos. No dia seguinte, eu fui na cozinha quando acordei e os biscoitos estavam cobertos, mas isso não me impediu de me preocupar, e a preocupação não me impulsionou a fazer algo a respeito, mas a falta de impulso não impediu o problema de ser resolvido por outra pessoa. Talvez fosse uma lição melhor se as formigas os tivessem devorado.

"Do you like the person you've become under the weight of living?"

#J

Um comentário: