segunda-feira, novembro 11

Teste 097

Seu cheiro me faz mal. Porque me faz lembrar da amizade que se esgotou entre nós. Deixamos o rio correr em uma cascata à qual não nos atiraremos - não sei se tem medo de altura.
Você sentiu? Ouviu? Viu acontecer? Concordo: foi rápido demais. Como pude segurar com tanta cautela algo invisível que esvaiu-se repentinamente de meus dedos e zelo?
Deixou de existir. Percebi em seu olhar fixo e alarmado, quando afastou-se bruscamente. Tentei buscar você. Era tarde demais.
Sonhos estranhos. Desconhecidos. Trocamos olhares e palavras educadas eventualmente, mas por quê? Sempre soube que era mal educado...
O perfume impregnado em minhas roupas me torturam. Quero que saia de mim - por que não sai? Parecia decidido a ausentar-se. Sequer olhou para trás ao ir embora. Nem mesmo uma centelha de arrependimento fez brilhar seus olhos hostis. Lamento. Lamento profundamente por não mais fundamentar conforto em seu, nosso abraço - rijo, forçado. Quem é o culpado?
Não sei.
De onde vem o aroma? Por que não o encontro para usá-lo em lembrança masoquista? Não o encontro nem o perco. Permaneço estagnada no que é morno e desagradável. No incerto. E, por essas incertezas, não sei o que fazer. Não sei que rumo tomar. Não mais serei rei, rirei, chorar - irei?
Não sei, não sei...

"Te tenho amor, te tenho horror, te faço amor..." - Raul Seixas

Beijocolates,

#V