Esses
últimos anos certamente têm sido atribulados para um começo de século. Uma
crise mundial. Uns vinte golpes de Estado. Protestos. A supremacia do mandarim
sobre o inglês… Mas devo dizer: aqueles tais “radicais”, explodindo-se dia após
dia, em nome da pátria, dos princípios e de qualquer outra questão sua, são
problema maior.
Os dez ou
doze carros explodidos por semana, e o mau hábito de atirar veículos voadores
contra cartões postais são aspectos preocupantes nos dias atuais, sim, mas a
motivação de tais atos pavorosos são ainda mais.
O que vêm
à sua cabeça quando alguém diz ser
radical? Pode ser que, no contexto do brasileiro, não um homem-bomba.
Talvez um militante do PSol. Um jovem anarquista. Ou ainda (por que não?) uma
manobra perigosa de skate.
Mas o que,
afinal, é radicalismo?
Radicalismo,
segundo a definição que nos dão os próprios “radicais”, é ir até a raíz, até o
fundo das questões. É se debruçar sobre um problema e procurar sua gênese,
fazendo o máximo possível para encerrá-lo, mesmo que isso fira alguns - ou
muitos - interesses. Ora, mas, por este significado, se formos um pouquinho
egoístas, seremos todos radicais! Mas até que ponto iríamos por uma ideia?
Pintaríamos muros ou morreríamos por
nossos princípios?
É aí que
deve-se distinguir radicalismo de sectarismo.
O sectário
é o radical que passou dos limites: ele toma sua posição como verdadeira e
absoluta, e não mede esforços para propagá-la; é intolerante, fechado a
diálogos: não quer conversa. E vem sendo confundido com o radical que não achou
mortes e estupros uma boa propaganda.
A simbiose
entre paixão e terror vem sendo difundida como harmônica pelos intolerantes.
Para a grande massa, pouco crítica, que recebe, indignada, seu jornal parcial
de domingo, o universitário inconformado com a política de seu país parece
estar perigosamente próximo de tomar uma medida drástica. Sectarismo e
radicalismo se fundem no senso comum. Na hora em que um manifestante começa a
gritar palavras de ordem, elas passam a ser confundidas com os gritos do Terror,
e fecha-se o debate. A própria sociedade se torna aquilo que repudia, ao tapar
os ouvidos em nome de uma pretensa autodefesa.
Fico, por
exemplo, extremamente consternado na hora em que a mídia chama de “terroristas”
os meninos que explodiram um rojão em um pobre cinegrafista. Entre a bomba que
eles estouraram e a dos sectários islâmicos existia uma enorme distância, mesmo
que o mecanismo básico (e, em última instância, os resultados finais) tenham
sido os mesmos. Ambos são dispositivos que, uma vez, acesos, lançam estilhaços
e chamas por todos os lados. O porquê de terem sido acesos, entretanto, muda
radicalmente: enquanto o terrorista o faz para matar o maior número de pessoas
possível, para causar o terror, os jovens visavam afastar a polícia, combater
o terror. Não havia aí o traço de intolerância que pressupõe o sectarismo, a
intenção de calar um problema latente.
Imagine
que estamos em uma roda, brincando de “batata quente”. O calor do tubérculo nos
queima as mãos, e por isso não podemos segurá-la por muito tempo. O
convencional joga a batata para um outro que esteja ao seu lado. O radical
corre com a batata em mãos, ainda queimando seus dedos, e a mergulha em água
fria. O sectário, por outro lado, a joga no chão, pisa, e diz que não quer mais
brincar.
Lhes
parece justo confundir quem reage tão diferentemente à posse de um tubérculo a
altas temperaturas?
Breno
Como diria caetano: "tudo é muito mais". Beleza de texto, mas e os inocentes uteis. Os radicais, os sectários e o militante do psol usados por umas figuras cheias de espertezas vulpinas, o que dizer? Sem consciência, talvez a melhir parada é ser skatista e só. Deixa o mundo girar.
ResponderExcluirNa verdade, vou precisar refletire pesquisar mais um tico antes de responder a essa pergunta... Talvez chamar o inocente útil de simplesmente radical ou sectário seja uma resposta um poico rasteira... Bem pensado! ^-^
ExcluirQ massa!!! Gostei mto, tá ligado?
ResponderExcluirNao tem nada "a ver", obg.
ResponderExcluirAnotei no meu caderninho de "grammar do-you-nots"... Perdoe esse jovem, ele não bate mt bem da cabeça!
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