segunda-feira, abril 13

Interrupções

Na sala com o violão
Sem cerimônias
Em outros dias já houve cerimônias, mas não mais
Começo

Tímida, quero que todos ouçam
Que ninguém se incomode
Talvez não tão tímida assim, o corpo se empolga
E batendo nas cordas tento acompanhar com o pé
A cabeça vai junto
E o outro pé
Pareço um macaquinho comemorando a música
Uma macaquinha
Tanto faz

Mainha senta no sofá e assiste vídeos no celular
Som alto, hein
"Respira, deixa pra lá", pra mim mesma
Faz um comentário
Interrompo a letra da música pra responder, e volto

Jonny passa, late
Isso é o de menos
Se você ouvir minhas tentativas de gravar uma musica, 90% delas tem um latido no meio
E carros passando
Eu nem reparo mais
Acho poético
Nem paro

Um assobio de uma melodia
Claro que não é a mesma musica que toco
Ou Matheus ou painho indo na cozinha
Pausou o jogo ou o filme, penso
Me faz levantar a cabeça pra ver quem foi
E volto

Interrupções
Nunca bem vindas, mas às vezes
Apreciadas
É a vida que acontece mesmo quando sua atenção quer parar

Como disse minha professora de yoga
- De que adianta se incomodar com os sons que não se pode controlar?
Só que ela falou em francês
Não lembro da frase, só da ideia
Não era inverno

Talvez eu goste de controlar o som do violão, et ça me suffit

sexta-feira, abril 10

Incertezas

[Fluxo de consciência]

A realidade do mundo agora é a pandemia do COVID-19. Quem diria que iríamos viver esse momento tão marcante na história da humanidade (será?),  esse turning point nas nossas vidas, essa REVOLUÇÃO no modo de pensar e agir mundial.

Bom, acho que ninguém diria, naturalmente (exceto Bill Gates naquela palestra naquele dia há uns anos atrás. Ele disse)

Mas, egoisticamente, a maior questão do momento para mim não é saber o quanto o mundo vai mudar, e como vai ficar a economia, e quantos dos hábitos da quarentena perdurarão no modus operandi da sociedade. Até que vale especular sobre isso, é um passatempo a se considerar, só que se perde nisso: especulação.
Não há precedentes semelhantes o suficiente para fazer uma análise comparativa, então no final das contas vai ser tão válido quanto eu especular se aquela pessoa que eu vi no Tinder uma vez poderia estar na festa que minha amiga me chamou, e se ela lembraria de mim, e se a gente se viria, e se esbarraria, e se a conversa fluiria e se a gente se beijaria no final das contas, e pautar minha decisão de ir ou não pra a festa exclusivamente nisso. Não tem garantias, né.
Então qual o sentido de fazer várias coisas agora baseado na ínfima chance das nossas especulações (falando como leiga mesmo) estarem certas?

Enfim, voltando.
A maior questão do momento pra mim não é saber o quanto o mundo vai mudar, mas sim o que é que eu vou fazer nesse tempo "livre". Se eu não faço nada eu simplesmente surto (kkk sejamos sinceras que minha cabeça acostumada a viver 10h/dia - em média - voltada ao trabalho não consegue passar dias inteiros só vendo Netflix por muito tempo). Se eu tenho coisa demais a fazer, eu surto igualmente, porque vem o medo de não dar conta da quantidade de coisas. Sendo eu a delegadora de atividades, tem sido quase uma lição de gestão em termos de prioridades e alocação de tarefas, porque, no final das contas, se eu delego tarefas demais ao meu time (eu mesma sozinha, nesse caso) e o time não consegue produzir nada por estar tendo um breakdown, é melhor delegar menos tarefas que eu saiba que eu posso dar conta e ir dando mais tarefas à medida que as primeiras forem sendo concluídas, certo? Faz sentido.

Ok, então é isso. Vou ver se funciona