domingo, maio 29

Eu que sei

Decidi escrever no blog. Escrever, assim, como as pessoas escrevem, escrevem livros, escrevem redações, escrevem coisas. Coisas pessoais, coisas dissertativas, e coisas de blog, que é o que eu venho fazendo...
Aqui vai o primeiro texto, desculpem se chateia alguém (na verdade, se fodam) (brincando) (ou não)

Eu quem sei o que é esperar tanto por um telefonema e não ter coragem de ligar para a pessoa. Sabe, aquele medo de errar que só eu conheço? Bem, ao menos no meu ponto de vista, pareço ser a única a me sentir assim. E aquela felicidade que dá quando o celular vibra bem na hora em que tomo coragem para digitar os números tão conhecidos? O que eu daria para que fosse ele? Mas era só minha amiga para confirmar a festa de sábado.
A festa de sábado! Quem liga para uma festinha de quinta que iria concentrar 500 pessoas sem contar com os penetras? Sem essa, não estava disposta a ouvir o que ela tinha a dizer. Fiquei entediada depois que desligou. Apesar de estar me entediando sua conversa, o silêncio que seguia-se depois de um "tchau, beijo" sempre me empertigara. Era só eu quem sabia da síndrome "aff-morgou-tudo-o-que-tem-pra-fazer-agora?" ?
Sempre tive essa dúvida, sabe? O que será que as pessoas fazem assim que desligam o telefone? Eu mesma ficava onde estava, me sentava, pensando, com o celular na mão, vagando distraidamente pelas mensagens ou pelo calendário...
Em uma dessas viagens no calendário, vi uma nota que minha amiga deixara no dia 18 de junho: "você prometeeu!". Ah, sim, querida, prometi que sairíamos com nossos respectivos namorados nesse dia, mas, se até agora o saldo só dá vermelho, perco quase a esperança de ver um verde. É, pelo jeito como as coisas iam, acabaríamos nós duas no Teatro Santa Isabel, vendo O Amor de Clotilde Por Um Certo Leandro Dantas. Ai, vida.
Essa coisa de ter um namorado é meio psicótica. Desde crianças, as meninas sofrem lavagens cerebrais dizendo que SIM, elas irão encontrar um fantástico príncipe e, CLARO!, elas irão casar-se com seus primeiros amores e serão todas felizes para sempre. Mas parecia que, para cada uma, só funcionava para as outras, essa coisa de se apaixonar perdidamente, casar e ter filhos.
Enquanto isso, os meninos são inconscientemente preparados para sustentar um lar. Suas habilidades físicas são mais incentivadas, eles terão de ser fortes. Os pais os encorajam à arte da conquista desde cedo, mas algum pane no chip faz com que as aulas venham com um extra: a arte de partir corações.
Sem querer ser toda sentimental, feminista e essas coisas, sabe? Esse lance de extremismo não é muito comigo, se as feministas são mesmo feministas, por que se comportam como homens? Porque, se não os suportam, a única coisa a esperar não seria... lesbianismo? Entendo que muitas mulheres consigam arrebentar 1000 corações por hora. Bem, nunca fui uma dessas.
Eu lembro de meu melhor amigo constante, meu único primo de minha idade, me prometendo que iria arrasar corações. Ha, ha. Promessa é dívida, hein, primo? Só pra ver que não pode pagar. Assim, todo mundo tem seus momentos de crueldade e fama, mas eu nunca fui muito boa com essa coisa de SOU GOSTOSA, E, POR ISSO, SOFRA! Acho tão... cruel.
De qualquer modo, lá estava eu, ainda fitando o nada. Já havia se passado meia hora. Cuidei de me organizar, o dia que se seguiria era uma segunda-feira. Merda de segunda-feira. De que adiantava um final de semana de cinco em cinco dias, se não pela segurança que, dali a dois, chegaria mais uma segunda-feira? Era deprimente.
Mochila pronta, dentes escovados e meu lindo pijama florido vestido, fui ao meu quarto e sentei-me na beira da cama. Adormeci em uma hora e acordei em mais duas. O telefone tocava, chorando por resposta. Era ele.
#V