quarta-feira, setembro 12

O estojo caindo é a nova gota d'água

      Lembro muito bem de um dia que eu estava no 3º ano do Ensino Médio, estressadíssima com todo o assunto que eu precisava estudar, com as provas do colégio que ainda tinha pra fazer, os exercícios da apostila verde que eu tinha que terminar antes de receber a apostila vermelha que viria em seguida.
      Deu o intervalo ao fim da aula de redação e eu resolvi ficar na sala pra estudar, ao invés de sair e desopilar um pouco (eu tinha essa tendência de esquecer que eu não era uma máquina - e hoje em dia já sei que até máquinas, se forçarmos sua capacidade, têm maior chance de quebrar (olha só, eu faço engenharia)).
      Lá estava eu, sentada na banca com as duas mãos puxando o cabelo pra longe do rosto pra poder ler a questão (nessa época por algum motivo eu me recusava a prender o cabelo, por tudo que fosse mais sagrado).

E aí

      meu estojo

         caiu
     no
      CHÃO

O mundo acabou

      Era uma clara metáfora que o universo plantou na minha manhã para ilustrar o quanto tudo estava dando errado, como eu não conseguia ter controle sobre a minha vida e nem pra manter o bendito estojo em cima da mesa eu tinha capacidade. Comecei a chorar enquanto recolhia tudo e punha de volta dentro do estojo, já antecipando o quão inútil isso era, visto que eu eventualmente o derrubaria de novo e precisaria recolher de novo.


Drama.

      Hoje em dia eu olho pra essa situação e acho um misto de cômico com desesperador. Feito aquele meme do golpista rindo mas preocupada.
     O estojo não é o problema, mas lá estava eu descontando todas as minhas frustrações em cada lápis que eu tirava do chão. O estojo nunca foi o problema, né. Já tantas outras vezes ele caiu e eu apanhei do chão sem nem pensar, no meio de uma conversa, ou até em casa, sei lá.
      Estojos caem.
             Esse não era o meu ponto...
   O meu ponto era que eu percebi em mim (e em outras pessoas com quem tenho contato o suficiente) essa tendência de buscar um bode expiatório pras coisas. O fato de mainha não estar em casa ontem quando veio o costureiro e eu que tive que ficar lá com ele enquanto ele fazia o serviço, mesmo tendo outras coisas pra fazer, não é culpa do costureiro nem de mainha. Eu só me incomodei com a situação porque estava com as tais outras coisas pra fazer. Tá entendendo? (disse eu, para mim mesma).
    O meu ponto é que a responsabilidade do que acontece conosco é nossa. Bem como qualquer estresse decorrente disso. Como já disse Hiago (2016) após uma colega reclamar de sobrecarga, "[...] e fui eu que fui no siga e te matriculei nessas cadeiras tudinho, foi?". Bem colocado, Hiago. Não foi você quem fez a matrícula da outra pessoa. E também não é culpa dos professores que ela se matriculou nas disciplinas deles.

Me perdi na linha escrevendo esse texto, mas a ideia final era: Júlia, minha querida eu, não se irrite com quem não tem nada a ver com a história só porque eles apareceram na hora errada. Ter raiva do estojo não muda nada.

domingo, setembro 2

Te vejo na Turquia

Os "- Nunca mais." que deixam de existir, em um último apelo, na eterna resistência a fechar os ciclos da vida.

Se a gente não diz adeus, todo tchau é um até mais