segunda-feira, outubro 28

Teste 096

Mais uma vez, que conste: os nomes são meramente ilustrativos. Somos eternas crianças, não conseguimos montar uma boa visão sem figuras, ao fim das contas.

ACASOS
mil acasos me levam a você...

Prometi a mim mesma que não mais me torturaria com lindas historias de romance alheio, mas, temendo ser hipócrita por isso, não pude resistir à reflexão sobre esse passado ato de amor. Comecei a enxergar o róseo com maior empatia, sorrir por beijos verdadeiros que não eram depositados em minha boca; sinto na contemplação de gestos carinhosos um sincero contentamento.
Houve, evidentemente, um desses imprevistos maravilhosos que me encantou bastante. Por ele, você lê as palavras que escrevi há tempo com um sorriso satisfeito no rosto. Por ele, fui seduzida aos sonhos que nos escapam à vista, esperançosa a realidades iminentes.

Surgiu sem motivos aparentes, com os ouvidos entupidos por bolinhas de guardanapo. A música alta não causava apreço significativo aos que se reuniam ali.
"Ei!" virou-se, desobstruindo audição. "Teu nome é Alfredo?"
A confusão escrevia-se em seu rosto: "Não, é Jáder..."
"Eu posso te abraçar?"


Entre tantos ditados e provérbios e parábolas e lendas e frases-de-vovó, há algo a dizer que as melhores coisas chegam sem aviso prévio, mas isso não quer dizer que não já estávamos esperando. Estamos sempre a postos para a chegada de nossos sonhos - às vezes, é verdade, somos surpreendidos pela realização daqueles cuja urgência não nos perturbava. Idealizamos mil modos a cumprir almeijo, embora quase sempre acabemos conduzidos pela arritmia em nosso peito.
Fingimos surpresa a nós mesmos quando a bondade invade nossas vidas. Não nos surpreendemos de fato. Pacientemente, havíamos aguardado a boa nova por eternidades, em conta do desejo por ela. Calculamos fórmulas sem fim à deriva de pensamentos que nos tolhe o sono. O destino, porém, nos prega peças ao sabotar todos os nossos planos - o faz com inteligência nobre.

"O meu nome é Magnólia" comentou, rindo da feição estranha com a qual ele recebeu a informação.
Repentinamente, os olhos de Jáder arregalaram-se, como experimentasse um raro momento de epifania: "Magnólia?" A situação agravava-se em divertimento. "Como a flor? M-A-G-N-O e o resto todo?"
"Assim se escreve o meu nome" ela riu, inocente - ou ignorante? - a respeito dos sorrisos futuramente gerados em mutualidade.


É engraçada, essa coisa toda sobre o destino - sempre o julgamos único culpado por tudo o que nos acontece. É um sentimento estoico, bem como deixar a felicidade para mais tarde - tarde esta que jamais chegará -: aceitar o que nos acontece com conformismo.
Alguma vez disse a um amigo que o que há de ser será apenas se ousarmos fazê-lo ser, pois jamais será sozinho. Se esperamos o ser ser, corremos o risco de nunca vê-lo acontecer - assim, não será o que jamais pôde ser. São ideias confusas, mas expressivas.

Esperaram a semana inteira por aquele momento. Magnólia envolveu seu pescoço com braços ansiosos e suspirou profundamente - se sentia bem. Jáder sorriu, sorriu - se sentia bem, também.
Beijaram-se - com fervor, paixão e carinho, em perfeita e incomum coerência.

Desistir não é uma opção, no fim das contas. Quando realmente queremos, lutamos; quando não, sequer pensamos sobre o assunto. Sobre isso, nas palavras de um alguém qualquer: "se você desejá-la, encontrará meios a tê-la; se não, encontrará motivos a recusá-la."
É verdade, é verdade: distante daqueles dois, dispostos a tornarem-se um só, voltei-me às baladas antigas cujas batidas nos conduzem sem nossa permissão e sorri, cúmplice de mim mesma - me era impossível não transbordar em alegria por eles.

"Noventa por cento do sucesso se baseia simplesmente na insistência." - Woody Allen

Beijocolates,
#V

sábado, outubro 19

Teste 095

Beije.
Beije lenta e suavemente, à medida que os raios de sol contornam nuvens e pálpebras - cerradas.

Sorria.
Sorria sincera e vagarosamente, expresse a eternidade em lábios e dentes.

Abrace.
Abrace firme e demoradamente, sentindo a embriaguez de seu perfume próprio.

Ria.
Ria confusa e distraidamente, porque nada mais importa.

Nada.
Nada além de beijos, segredos e o que parece nos embalar em ritmo imaginário ao palpitar de nossa juventude.

"Me abraça forte e me diz mais uma vez que já estamos distantes de tudo..." - Renato Russo

Beijocolates,
#V