domingo, outubro 9

dor oculta

eu quero, eu quero, eu quero!
balanço a cabeça para os lados : não tenho nada a oferecer
e ele suplica: eu preciso, eu preciso, eu preciso!
cedo
mas não tenho nada para dar
tento
mas não consigo
E DÓI
estou completamente esgotada
olho-o com o canto do olho, envergonhada, e sinto-me mal
tento mais
junto dentro de mim todo o amor que me resta, o pouco amor mazelado que uso para manter-me viva
e entrego
entrego tudo
DÓI, MESMO
por um ou dois minutos, penso que consigo
mas não consigo: já o magoei
é o fracasso, é o fracasso!
estou devastada
me acanho, me afasto e me encolho
tento chorar sozinha
DÓI PORQUE AMO
e ele vê que chorei
e invade meu choro
e choro pela invasão
e choro pela culpa
e choro por cada invasão e por cada culpa que já senti na vida
e choro por ele estar ali
DÓI PORQUE QUERO
acordo bem
acordo ao seu lado
e seu carinho me preenche
e estou feliz outra vez
e te quero perto de mim
e você já não me quer por perto
e você já não precisa de mim por perto
DÓI PORQUE NÃO SEI AMAR
eu quero, eu quero, eu quero!
mas você não tem nada a oferecer
e eu suplico: eu preciso, eu preciso, eu preciso!
tarda
não cede
e permaneço onde estou, com as pernas trêmulas sobre os pés fincados
#V
o tormento me persegue
não sei
não sei.

terça-feira, setembro 27

A verdade


Não foi no jazz, não foi numa viagem, foi no carnaval, no colégio, numa festa, numa saída pro Recife Antigo, através de amigos em comum, foram várias pessoas e várias situações que me ensinaram várias coisas diferentes. Cada uma com uma história e uma personalidade diferente, que reagem de formas diferentes e pensam diferente.


A verdade é que a minha verdade é diferente da sua

fonte desconhecida

Vivo num mundo de exatas, cheio de verdades absolutas e, assim, rodeada de pessoas (principalmente professores) que acham que essa precisão nas conclusões se aplica a tudo, mas relações sociais são inexatas e imprevisíveis, e isso não é nenhuma novidade.

Não tenho base científica sólida pra fundamentar minhas opiniões, mas sei que, para mim, a mesma situação que ocorra em momentos emocionais diferentes terá um impacto diferente, então, se para uma mesma pessoa (eu) é possível perceber a mesma situação de duas ou mais formas, o que dizer dos outros?

Escrevo isso por causa de tantos textões que hoje vejo na internet, um se achando mais certo que o outro, frequentemente com o uso de "a verdade é que...", seguido de alguma frase generalista baseada totalmente em opinião própria e eu cansei de ver algum(a) desconhecido(a) falando de uma única pessoa que conheceu e a utilizando pra representar um grupo inteiro.

Opinemos, sim, sempre, por favor! Mas lembremo-nos de fazê-lo deixando claro que é nossa opinião, que se restringe a algumas pessoas apenas, não falemos de qualquer minoria como se conhecêssemos cada membro, porque sempre vai ter alguém que não se identifica com o que foi escrito e enfraquecerá sua credibilidade.

A verdade é subjetiva, então vamos parar de tentar enfiar a nossa na goela alheia.

Xu

quarta-feira, julho 27

ve-la


é quando a luz cessa, quando a noite a faz sentir sozinha, que me procura
na escuridão.
as mãos que me buscam tocam paredes e móveis, cegas, até encontrarem meu corpo.
seus dedos me tocam, me sentem, me esquentam... me deixam momentaneamente, e o ruído produzido por um risco é gostoso aos ouvidos.
o calor me toca e me envolve, deliciando-me - está dentro e fora de mim.
seus lindos olhos são visíveis a todos mais uma vez - seus lindos olhos.
mas estamos apenas as duas ali. sou privilegiada por isso.
aqueço-a, me sinto querida, mas ela já não está ali. o toque se foi.
a chama que arde em mim não mais é das carícias, mas do que ela fez comigo enquanto me acariciava.
meu próprio fogo me consome, literalmente, me destruindo aos poucos
dói. a dor excruciante me toma por inteiro.
minha paixão me derrete, me machuca e me diminui - a troco de quê estou morrendo em mais uma noite escura?
algo muda no ambiente, mas a dor não me deixa entender o que é.
ela move-se vagarosamente pelo cômodo, cada vez mais perto de mim. estou a poucos centímetros de seu rosto agora, mas não posso tocá-la.
ela abre um sorriso delicado e delicioso, e meu fogo expande-se, iluminando suas bochechas.
esqueço a dor em sua companhia, e me derreto ainda mais rapidamente.
vou morrer! vou morrer de amor!
sua boca toma outro formato lentamente, preparando-se para um beijo.
minha chama é agora inquieta, diante dessa imagem. a quero mais perto, mais perto!
mas não é um beijo. é um sopro.
ainda atordoada, já morna e sem vida, me descubro inútil no cômodo iluminado.
suas mãos, agora ágeis e precisas, removem-me de meu altar recém-conquistado, me quebrando no ato.
estou menor e machucada quando sou posta de volta na gaveta. já fria, desolada e esquecida.
mas só penso nela. e mal posso esperar para ser lembrada outra vez.

#V

quarta-feira, julho 6

Acordo

acordo.
"acorda"
a casa é estranha
e vazia, exceto pela pessoa
que dorme.
"acorda"
não tem o que fazer
não se fala
pra que ela possa dormir
mas ela não pode dormir
"acorda"
"dorme"
"acorda"
acorda.

acordo.
outra cama
outro quarto
outra casa
mesma pessoa
que dorme.
"acorda"
mais silêncio
e a angústia pra não me mexer
não queria atrapalhar o sono dela
mas ela não podia dormir
eu estou aqui
"acorda"
"vai dormir"
"acorda"
acorda

desacordo
mas nem tinha
acordo

nem
nada

acordo
mais uma casa
minha casa
sem pessoa
sem ninguém
"acorda"
dessa vez, pra mim
a cabeça quer dormir, mas o corpo discorda

"acorda"

"acorda"

acordo
pra não mais querer cair
só que a gente cansa, né
e quando menos espera já tá "acorda"
de novo

xu

segunda-feira, julho 4

duas mãos


para cada mão, há uma mão
e duas mãos ficam sozinhas

as duas mãos são minhas
mas minhas as mãos não são

a mão acaricia a minha mão
minha mão acaricia a mão

as mãos tocam
as mãos são tocadas

o toque, sinto-o por inteiro

são minhas mãos
são minhas próprias mãos

o toque das mãos é inexistente
as mãos não se tocam
são mãos carentes

seria a mão que toca suficiente?
e a mão que é tocada, como se sente?

as mãos se tocam.
"são minhas mãos"
mas nenhuma delas me pertence
#V

quinta-feira, junho 9

Imitona

Vic fez uma postagem das 70 coisas dela porque Eri "desafiou". Bom, ninguém me desafiou, mas eu quero fazer, já que comecei a refletir sobre minhas próprias coisas (mas as minhas são 60).

1. Quase sempre fico com os olhos marejados quando assisto a alguma apresentação amadora de canto em programas de talentos (às vezes por vergonha alheia, se for ruim, e às vezes por um luto de eu ter matado esse sonho em mim mesma);

2. A ideia de me apaixonar me deixa bastante desconfortável por saber o potencial que aquela pessoa tem de me machucar e afetar;

3. Toco violão há 12 anos (ou mais, não lembro) e conheço pessoas que começaram ano passado e tocam melhor do que eu;

4. Eu tenho um transtorno impulsivo compulsivo e morro de medo que algum dia percebam os efeitos;

5. Deixo de comprar várias coisas por não PRECISAR, e depois me arrependo, mas nunca volto pra comprar;

6. Não posso beber vodka;

7. Me incomoda quando exigem que eu tenha uma opinião formada sobre algo que não me importa;

8. Não entendo de política;

9. Sinto um leve preconceito por parte das pessoas de humanas quando falo que curso engenharia;

10. Por anos da minha vida eu pensei em cursar design, mas fiquei com medo de estragar um hobby tornando-o obrigação;

11. Nunca fui de pegar coreografias pra aprender na internet, mas acho o máximo quem sabe as danças certinho;

12. Minha cor favorita é verde;

13. Eu faço piadas quando estou tentando fazer amigos;

14. Muitas vezes essas piadas são mal compreendidas e fica uma situação chata;

15. Posso passar meses sem falar com você e ainda te considerar um  melhor amigo, não vejo relação direta entre essas duas coisas;

16. Sobremesa é mandatório;

17. Gosto de rotina e constância pra que seja especial quando fujo dela;

18. Me sinto mais à vontade em festas com menos conhecidos;

19. Nunca quebrei nenhum osso do corpo;

20. Já fiz balé, natação, nado sincronizado, ginástica, vôlei, capoeira, e algumas aulas de ginástica rítmica e hoje sou sedentária;

21. A única vez que entrei numa academia foi numa visita de educação fisica na sétima ou oitava série;

22. Me achava mais madura quando era mais nova;

23. As pessoas dizem que eu era mais madura quando eu era mais nova;

24. Comecei a fazer meu portfolio aos 13 anos, achando que ia ser designer;

25. As pessoas acham que eu sou mais dedicada do que realmente sou;

26. Analiso cada fala e atitude sua caso eu esteja começando a te conhecer e queira que vire amizade;

27. Analiso cada fala e atitude minha revisando o que você pode ter entendido por elas;

28. Tenho gastrite há anos, mas tomo café diariamente;

29. Vez por outra estou anêmica;

30. Vivo com receio de não estar preparada pra situações adversas, então minha mochila da faculdade tem milhares de coisas que uso de vez em nunca;

31. Adoro beijinhos e abracinhos e carinhos de quem eu gosto;

32. Tenho problemas reais com beijinhos e abracinhos e carinhos de quem eu não gosto;

33. Descobri o feminismo através de uma prima minha de quem eu tirava onda por só falar disso;

34. Atualmente eu só falo disso;

35. Eu esqueço os níveis de preconceito das pessoas em geral;

36. Me rodeio de pessoas maravilhosas que me permitem esquecer;

37. Tenho aprendido a reconhecer quando sou grossa desnecessariamente;

38. Do tempo que passo acordada num dia, a maior parte é passada na faculdade;

39. Já tive um psicólogo uma vez que durou por 2 sessões. Ele não falava;

40. Muitas vezes me convenço de que gosto de alguém só porque a pessoa gosta de mim e depois canso e sumo;

41. Minha insegurança se mostra quando fico receosa de que pessoas que acho interessantes não me achem interessante de volta;

42. Quando eu brincava sozinha, minhas pollys namoravam entre si;

43. Até hoje ouço comentários de "você nem parece lésbica", e acho ofensivos;

44. Tenho menos de 1m50 de altura e não me incomodo;

45. Boto muita fé que devemos falar sobre o que nos incomoda várias vezes, até virar comum e não incomodar mais;

46. Tenho essa tendência de fazer coisas inúteis quando podia estar dormindo ou estudando;

47. Quase sempre que digo a mim mesma "depois eu faço", eu não faço;

48. Na primeira vez que joguei confesso, confessei pra minha prima que eu mentia sobre coisas pra que ela achasse que nós tínhamos mais em comum do que na realidade (e esse foi o primeiro passo na direção de desenvolver uma personalidade que não se espelhasse nos outros);

49. Quero que signos parem de acertar nas personalidades alheias para que eu possa parar de acreditar, porque não faz sentido fazer sentido, mas faz;

50. Amo meu apelido;

51. Quando tento falar algo em espanhol, misturo com um francês em sotaque tosco e nada faz sentido;

52. Minha primeira impressão das pessoas geralmente está errada;

53. Geralmente rio de verdade com coisas na internet. Vai além do "kkk";

54. Adoro desenhar, mas me incomoda que comentem (positiva ou negativamente) sobre qualquer desenho que eu faça despretensiosamente;

55. Raramente bebo água quando estou em casa;

56. Não posso doar sangue porque nunca tive o peso necessário;

57. Eu costumava destruir os cigarros de uma tia minha pra que ela parasse de fumar;

58. Redes sociais destroem minha vida, mas não consigo ficar longe sabendo que as outras pessoas estão lançando informações constantemente nelas;

59. Já aconteceu várias vezes de eu anotar "fazer reflexão crítica sobre a vida" na minha agenda em épocas em que achei que estava só existindo, não vivendo;

60. Eu reclamo mais como uma coisa social do que por realmente me incomodar com coisas da faculdade. (retiro o que disse)


Xu

quarta-feira, junho 8

70

Erivanderson, nascido pra brilhar, me desafiou a listar 70 fatos sobre mim, e eu pensei que não ia conseguir. Surpreendentemente, porém, consegui, e nem foi tão difícil assim. Então, a quem interessar possa, aí vão 70 fatos que acho importantes por algum motivo.
1. minha cor favorita é cor-de-rosa
2. já pintei o cabelo de roxo, rosa e azul
3. gosto de puxar papo com desconhecidos, mas analiso-os bem antes de me atrever a dizer "oi"
4. faço amizade facilmente com porteiros, zeladores, secretárias e vigilantes
5. me esqueço dos meus problemas subindo no telhado do meu prédio, ilegalmente
6. subo no telhado do meu prédio sempre acompanhada, para ser seduzida pelo horizonte
7. tenho muito medo de deixar de ser eu
8. tento aproveitar todos os momentos
9. choro quando me dou conta de que não estou aproveitando minha vida plenamente
10. amo dançar, e danço mal, mesmo, mas danço até as pernas ficarem bambas
11. para sair do sedentarismo, comecei a fazer balé clássico
12. me orgulho de meus avanços no balé, embora não sejam tão incríveis
13. já fiz ginástica rítmica
14. quando criança, me sentia adulta
15. quando cansei de usar franja, fui até o banheiro com uma tesoura e cortei fora
16. todos ficaram loucos quando fiz isso, porque eu podia ter me cortado, e eu só pensava: "até parece que eu sou uma criancinha!" eu tinha 5 anos
17. arranquei todos os meus próprios dentes de leite, menos um
18. minha primeira queda foi aos 2 anos de idade, quebrei dois dentes
19. em meu pior pesadelo, estrelava zé vampir, da turma do penadinho
20. criança, fazia a camisolinha de seda de saia e fingia dançar dança do ventre
21. já fiz um curso de dança do ventre
22. já fiz um curso de teatro
23. já fui muito tímida, e ainda sou, mas aprendi a ser maluca
24. fiz parte da edição do jornal da minha escola
25. prestei vestibular para 4 cursos diferentes - engenharia eletroeletrônica, história, psicologia e design gráfico -, porque não sabia, mesmo, o que queria fazer da minha vida
26. passei em todos os vestibulares que fiz
27. recusei uma bolsa integral em uma faculdade particular sem saber o resultado da universidade pública
28. sou péssima em entrevistas de trabalho
29. a meus olhos, sou péssima em apresentações, embora seja frequentemente elogiada
30. sou extremamente perfeccionista e autocrítica e, embora isso resulte em bons trabalhos, resulta também numa gastrite crônica, ansiedade e noites insones
31. gente desleixada me dá uma agonia na alma
32. odeio atrasos, principalmente se nada foi dito a respeito
33. odeio quando desmarcam comigo bem em cima da hora, e já estou pronta há tempos
34. tenho rituais de limpeza para receber pessoas em casa
35. fico angustiada com a bagunça alheia
36. cultivo e protejo minha bagunça, com unhas e dentes
37. não amo sushi
38. não amo açaí
39. minha comida favorita é feijão, e vai bem com arroz, com cuscuz, com banana, com o que mais vier
40. pipoca de panela é minha especialidade culinária
41. quero estar certa sempre
42. nem sempre estou certa, mas defendo minhas ideias até o fim
43. morro de vergonha quando sou pega espalhando algum dado errado
44. já escrevi um livro, mas nunca tive coragem de publicar
45. morro de medo e de preguiça de lutar pelos meus sonhos
46. gosto de sair de casa andando, sem rumo, até os pés cansarem
47. gosto de fazer visitas surpresa
48. adoro receber visitas
49. a minha programação favorita é juntar uns amigos meio nada a ver pra conversar e comer pizza
50. meus desenhos são propositadamente toscos, pra ninguém vir e colocar defeito
51. durante uma época de minha vida, costumava ler dois livros por semana
52. desde que entrei na universidade, li vários primeiros capítulos de livro
53. desde que entrei na universidade, acho que li menos que 10 livros por inteiro
54. me apaixono facilmente por qualquer pessoa ou coisa
55. quase morri de amor uma vez por semana, nos últimos 20 anos, por pessoas diferentes
56. estabeleço um primeiro contato com facilidade, mas não sei manter amizades
57. fujo de semi-conhecidos e conhecidos de quem não gosto tanto assim
58. perco o interesse tão facilmente quanto o desenvolvo
59. já fui apaixonadinha por pelo menos 3 professores meus
60. curso psicologia, mas não quero ouvir seus problemas de graça nem os de mais ninguém sendo paga
61. o meu sonho profissional é ser professora
62. nunca brinquei de boneca sendo a mãe das bonecas, eram sempre minhas irmãs
65. nunca fingi que minhas barbies fossem kens para namorarem, sempre as assumi como mulheres que relacionavam-se com mulheres
66. brinquei de boneca até os 15 anos de idade, e aproveito os meus sobrinhos para ainda brincar, de vez em quando
67. já viajei pra caramba, pra dentro e pra fora do país, mas ainda quero mais, bem mais...
68. sou teoricamente fluente em alguns idiomas, mas não me arrisco a falar por divertimento
69. beijar na boca é definitivamente um hobby, embora eu ame tanto paquerar

70. troco facilmente horas de sono por atividades banais, como a confecção de uma lista de 70 fatos sobre mim

E é isso aí. Até a próxima. Beijocolates,
#V

quarta-feira, abril 20

voar, voar


Foi difícil, muito difícil, mas eu aprendi, enfim, a voar.
O processo todo foi incômodo, mas fascinante. Abri as asas vagarosamente, por timidez, e acabei gostando. Desenhei-as largas, inspirei fundo e inflei o peito - eu estava linda.
Após contemplar a beleza de meu corpo alado, arrisquei bater as asas, só um pouquinho. Me assustei, logo no início, com o ar que o movimento transformo em vento, mas a sensação até que não era tão mal... me fazia cócegas... Ergui a cabeça, aprumei o corpo e decidi que estava na hora. Experimentei acelerar os batimentos e, quando me dei conta do que estava acontecendo, meus pés já não encostavam o chão. Corria, por mim, uma coisa gostosa à qual não pude atribuir nome.
Vislumbrei, por cima das penas, a prisão que tinha chamado de lar por tanto tempo, a velha gaiola em que me haviam posto. Me amaram, sei que amaram, mas erraram pensando ser donos das lindas asas que jamais seriam deles. São minhas, e minhas apenas. As movo a meu gosto, e elas me levam não aonde preciso estar, mas aonde quero e aonde mereço.
Agradeço o carinho, a água e os cereais. Sei que, sem vocês, sequer teria força para expandir-me pelo céu. Mas eu preciso de mais, bem mais que isso. Preciso sentir-me inteira, na completude que se forma de vento, de mim e de minhas belas asas.
É um voo espetacular... vem também voar...
#V