sábado, setembro 20

Políticas Pudicas

Época de eleições. Os ânimos se acirram, comitês se espalham por toda cidade... Cavaletes, balões e folhetos ocupam nossa visão, com propostas de mais saúde, mais educação, mais renda - como se nunca tivéssemos ouvido isso antes!
No meio de tanto conteúdo e debate, perguntas tendem a aflorar. Todos estamos curiosos para saber mais sobre o Sr. Político - sobre sua habilidade administrativa, sobre sua preocupação com a precariedade de nossos hospitais e sobre aquela aparição do irmão do Sr. Político nas enquetes de fofoca. Mas julgamos, sem nos dar conta, o Sr. Político pelo sorriso pouco convincente em campanha, imaginando, sem abusar de nossa criatividade, que a motivação escassa dele seja por falta de sexo.
SEXOPOLÍTICASEXO
Por que seria tão importante saber se meu candidato tem uma vida sexual ativa ou não?
Talvez boa parte da resposta possa ser encontrada numa análise da imagem de um celibatário perante a sociedade: para o ser humano regular, o que implica uma pessoa que não explora sua sexualidade? Seriam pessoas bem frustradas, que descarregariam a energia sexual acumulada em alguma obsessão. Seriam pessoas infelizes – e é justamente aí que jaz o problema: não confiamos em quem não expressa as próprias felicidade e satisfação.
Se um candidato se mostrasse pouco entusiasmado ou sorridente, você votaria nele?
Deixemos de lado os preceitos do celibato. O Sr. Político, assim como qualquer outro que possa abster-se de atividades sexuais, não precisa ser encaixado em nenhum estereótipo. Ele é apenas ele mesmo, e seu carisma, sua oratória, o uso de seus músculos faciais, nada nos diz em julgamento de sua capacidade de exercer brilhantemente sua função nos representando,
O fato é que, na verdade, transar ou não não faz a menor diferença na boa governança de uma pessoa. Compromisso, consistência e boas propostas, essas sim são as marcas do bom político; além, é claro, da notória “vontade política”, ironicamente ausente em boa parte de nossos candidatos.
Mas, então, por que questionar atividade sexual é tão importante? É uma questão chula, indiscreta... Ela denota um certo grau de intimidade com o político, mostra a liberdade que todos nós deveríamos ter de questioná-lo e, enquanto não formos autorizados a colocar qualquer pergunta que acharmos relevante a nossos políticos, não nos sentiremos representados, e não seremos representados.
O sexo não rege nossas vidas, e muito menos um grande cargo representativo. Não são celibatários, afinal, os que coordenam um dos maiores órgãos de caridade do mundo? Ainda assim, paralelo a isso, o que nos faz felizes, se não a ideia de liberdade?
 Breno

Um comentário:

  1. Adorei...tem futuro!!! Gostei até do "PÚDICAS" - criatico de+...

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