UM DIA FRIO
O que deixava a menina daquele jeito era um sonho que a vinha tirado o sono. Sonhava com aqueles mesmos olhos que a nova namorada de seu pai tinha em seu rosto. Aqueles olhos, já tão conhecidos, só lhe traziam más lembranças de sonhos.Seu pai a abraçou por trás e ela deixou que as lágrimas quentes espalhassem-se por suas bochechas. Ela simplesmente não entendia como podia ser tão real. Olhou o pai nos olhos, tentando evitar a mulher, e o abraçou completamente.
No sonho, ela se via completamente perdida, em uma rua sem fim, que parecia estender-se cada vez mais, à medida que ela caminhava. A garota corria de algo que desconhecia, e não conseguia se afastar suficientemente para suspirar aliviada. Não sabia o que faria, mas teria que achar um jeito. Aqueles olhos verdes a chamavam para o que parecia uma saída e a menina, completamente desesperada, procurava consolo com ela.
Ainda no sonho, a mulher servia-lhe uma xícara de chá e alguns biscoitos, que a faziam sentir uma dor, uma espécie de calor, e, de repente, tudo estava turvo. Seu pai chegava aos ombros da namorada e a cumprimentava com um beijo rápido, e ela piscou para a garotinha, que enxergava cada vez menos de seu sonho.
Sua mãe aproximava-se dos dois, sorrindo, e abraçava a filha. Sua força a sufocava, cada vez mais, e a menina já mal podia respirar. Tudo finalmente misturava-se a uma nuvem negra, e seus olhos pareciam vigiá-la de um jeito desconfortável. A menina caía, cada vez mais, sentindo o torpor aprofundar-se cada vez mais, como se estivesse mergulhando em si mesma.
Fiquem ligados nos próximos capítulos.
#V
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