Dramas

O conto a seguir é, tipo assim, 100% baseado no meu tédio colossal nesse dia frio, chuvoso e úmido. E não é real, quer dizer, não se alguém já passou por isso, mas não alguém que eu conheça.

UM DIA FRIO

  Chovia bastante, ela esperava inocentemente pelo pai na calçada de casa, sentada no meio-fio, completamente encharcada. A mãe pedia para que entrasse, mas ela insistia em esperá-lo ali. Sentia que, quando ele chegasse, a felicidade dos dois juntos iria tornar o dia mais quente, e que não importaria se suas roupas estivessem frias e úmidas, se, por dentro, se sentia totalmente aquecida.
  Após duas horas debaixo daquela chuva, o pai da garotinha chegou, estressado com a chuva, estressado pela demora, e o único calor que ela sentiu foi das lágrimas que rolavam de seus olhinhos. Havia algo estranho no ar, um odor de perfume desconhecido que a deixava sufocada.
  Ela não sabia o que a deixava daquele jeito, mas o mal-humor incomum do pai com certeza ajudava a intensidade do clima. Não importava a chuva, ou o jeito compenetrado como o homem dirigia, ela estava assim havia tempos, tinha problemas que ninguém conhecia.
  Quando chegaram na casa do pai da garota, ela deitou-se em sua cama e adormeceu, deixando os olhos incharem pelo choro. Mais tarde, naquela mesma noite, levantou-se para falar com o pai. Precisava desabafar com alguém.
  Mas não o encontrou, ele estava fora, provavelmente tinha ido comprar o jantar Da cama, vinha aquele mesmo perfume asfixiante. Procurou o que o exalava e deu de cara com aqueles olhos verdes que a observavam com um ar sorbeba, A mulher que se estendia sobre a cama do pai, totalmente desconhecida, fez a cabeça da menina girar.
  Sabia que os pais haviam se divorciado, mas queria ter a garantia de que, quando aparecesse alguém novo, fosse a primeira pessoa a saber. Os passos do pai, silenciosos, chegaram por suas costas, e seus braços envolveram a forma estática da menina.
  Então aquilo que vinha sentindo, por base, era real.

Fiquem ligados nos próximos capítulos.

#V