quinta-feira, agosto 16

Teste 062

UM MUNDO PARTICULAR
(Amanda e Gabriel - nomes meramente ilustrativos)

A música era cada vez mais distante à medida que eles caminhavam pelos corredores abertos, cercados de jardins extremamente familiares. Amanda se sentia exposta ao frio e ao breu de mais uma noite de novembro; os shorts curtos e a camisa extra-grande não pareciam mais uma boa escolha.
Ela podia sentir todo o corpo pulsando, o coração bombardeando-lhe o seio esquerdo internamente e de modo tão intenso que podia prever o órgão transpassando-a. Evitava ao máximo encarar os óculos de Gabriel, mas sabia que ele a estava fitando. Estavam estranhamente tímidos e calados, podiam sentir as bochechas queimarem e arroxearem a cada passo dado. A respiração pesada e próxima de Gabriel perturbava Amanda de modo a enrijecê-la em hesitação.
"Eu já lhe falei o quanto lhe adoro hoje?" A voz rouca e masculina soou tão macia quanto os braços que então envolviam, quentes, a cintura dela. Amanda sorriu, ergueu uma das mãos e afastou os dois, chamando-o apenas com o olhar.
Ele a seguiu. Sentaram-se em um banco de cimento desgastado e conversaram por bastante tempo: e ela ainda sentia cada veia borbulhar em ânsia. Falaram sobre o clichê necessário, e ele indagou, risonho, o porquê da arritmia cardíaca que ele podia sentir em seus ombros.
Amanda sorriu e eles ergueram-se, dispostos a uma viagem rápida de algumas dezenas de metros. Afastaram-se do parque, em uma velocidade baixa e indecisa. Gabriel apenas parou para abraçá-la e beijar-lhe o rosto, mas, como que por natureza de seus organismos, as bocas uniram-se em um selo de confidência, e sentiu, por fim, a sensação engraçada e imprecisa em seu ventre. O frio, o desejo e a paixão que a assolavam, todos juntos em um misto de curiosidade repentina.
Era o beijo perfeito. Delicado, nobre, calmo e apaixonado; estavam a sós em seu próprio mundo, dedicados um ao outro e devotos a cada segundo de cumplicidade.

Beijocolates
#V

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