sábado, maio 12

Teste 048

Às vezes a gente se perde na busca da felicidade, procurando em coisas tão erradas que nós mesmos jamais acreditaríamos se soubéssemos da verdade. Mas não é tão difícil assim, sabe? Saber a verdade - não a absoluta, mas a suficiente.
Acontece que, voltando do colégio no único dia em que meu melhor amigo não me levou até a parada de ônibus e o certo acabara de passar relativamente vazio sem que eu percebesse, adentrei o segundo, um pouco mais cheio, segurando minha bolsa pesada e meus cadernos que mais pareces placas de chumbo.
Uma velhinha falava alto para que todos os passageiros ouvissem, do assento preferencial, enquanto eu girava a catraca, e começou a cantar "a música da novinha", ao que muitos se puseram a rir. Eu ri, também.
Aproximei-me de quem tinha à frente, reconhecendo o rosto baixo, e cumprimentei-o, um tanto quanto sem graça - as pessoas podem morrer alegando que sou uma garota extremamente comunicativa, mas parece que travo sempre com os veteranos do EJD. A cons. eras fluiu um pouco, a mulher ainda cantando "mulher brasileira", ou sabe-se lá o nome daquela música secular, e alguns cantarolavam baixinho, junto, distraídos do que faziam.
Foi nesse momento que descobri.
De súbito, pareceu-me muito fácil ser feliz, quando se sabe que é a felicidade que se busca. Porque então percebi que dentro daquele ônibus, cheio de gente aperreada e ansiosa pra chegar em casa depois de um dia difícil, uma mulher cantava, simplesmente por querer cantar.
E ela era feliz porque cantava; e os outros eram felizes por terem pressa ao chegarem às suas famílias e lares.
Repentinamente, entendi que devemos sempre sonhar o mais alto que pudermos, sem medo da queda. Quem sonha em Deus jamais chegará ao chão.
Talvez nossos sonhos não sejam totalmente realizados, ou mesmo cheguem perto disso, mas nossas intenções nos regozijarão e farão um bem a todos aqueles que nos cercam, assim como aquela senhorinha fazia sorrir alguns com a escolha de músicas pouco oportunas.
Nossas aflições, medos e neuroses deveriam dar um tempo. Um tempo para que vivamos atentamente, preocupando-nos apenas em sorrir.
As pessoas vivem sempre tão desatentas ao fato de como a vida é curta, que a vivem como se tivessem muito tempo para dançar, comer, brincar, brigar, rir e chorar. Mas então eu penso que, se as pessoas realmente parassem para analisar em quão pouco tempo têm para viver a vida, não estariam a vivendo da forma certa.
O grande sentido da vida, afinal, é não buscarmos um sentido para a vida, apenas segui-lo.

"Confiai-Lhe todas as vossas preocupações, porque Ele tem cuidado de vós." - 1Pd 5,7

Beijocolates,
#V

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