terça-feira, julho 2

Teste 082

É uma sociedade que teme a dor mais que tudo.
O consolo de um ombro amigo destaca-se como "Não fica assim", impedindo lágrimas ou qualquer sentimento ruim. Não há um desejo verdadeiro em descobrir a causa da agonia e tentar solucionar o problema; há, entretanto, uma energia gritante quando se trata de "deixar para lá".
Estamos sempre fugindo, fugindo... Sentimos um latejo nas têmporas e tratamos de nos medicar com dipirona: temos remédios para todo tipo de sofrimento. Depressão, gripe, indigestão, ansiedade, tudo. Mas será mesmo que não podemos aturar a agonia por alguns instantes?
Se só o veneno de cobra nos torna capaz de vencê-lo, me parece que encarar as angústias é o único antídoto provável para elas.
Temos que nos expor mais, chorar mais, indagar mais - ter medo, sim, e nos machucar quando já sabíamos que íamos cair. E só então poderemos nos reerguer, enxugar o rosto e seguir um rumo com conhecimentos aprimorados acerca dos desvios em nosso caminho.
Queremos uma vida indolor, mas já nascemos gritando, sufocados, desesperados: lutando para viver.
Ser forte não é contornar insatisfações, e sim enfrentá-las. Gritar em frente ao espelho, abraçar as pernas e então dançar... O sofrimento é humano e não acomete minoria - todos sofremos. Mas por que sorrir, sentindo o coração contrair-se, se podemos chorar um pouco e sorrirmos verdadeiramente?
Devemos aproveitar essa vida ao máximo: toda a dor e todo o prazer, conjugados. Se não há luz sem sombras e a recíproca é verdadeira... devemos afundar um pouco na água antes de aprender a nadar.

"In the daylight, we'll be on our own, but tonight I need to hold you so close..." - Maroon 5

Beijocolates,
#V

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