sábado, novembro 1

Madrugada

E, na madrugada, acontece.


A cidade dorme, não se ouve nada. Todos fazem silêncio em seu sono profundo, tudo o que se ouve é o quase sempre abafado som do vento fazendo caminho entre árvores e janelas.
O barulho se restringe à minha cabeça. Dentro dela, tudo são gritos. É ensurdecedor, mas só eu posso ficar surda com a gritaria. É a minha poluição sonora particular.
Me deixa inquieta.
Não consigo dormir.
Nem calar meus pensamentos.
Estou ansiosa pela fervorosidade dos murmúrios que tomam o meu corpo inteiro. Algo deve ser feito a respeito disso, ninguém pode ficar nervoso assim, consigo mesmo.
O imediatismo também me mantém acordada. Eu queria me levantar da cama, apanhar as chaves do carro e só parar de dirigir quando estivesse em frente à sua casa. Então, sentiria minha alma abandonar meu corpo, amedrontada por incertezas, e tocaria a campainha.
Eu adoraria pôr um fim nesse barulho. O mais rápido que pudesse. Quero que a gritaria cesse, porque me impede de falar. Me faz ficar ausente de mim mesma, e ninguém gosta de conversar com alguém ausente de si mesmo.
Eu preciso conversar com ele. Ouvir sua voz.
Sua voz fará parar todo esse tormento dentro de mim. E, se não for suficiente, quem sabe a aurora me traga um pouco de paz...


"A noite é muito longa e eu dou plantão dos meus problemas que eu quero esquecer" - Kid Abelha


beijocolates,
#V

Um comentário:

  1. "Então, sentiria minha alma abandonar meu corpo, amedrontada por incertezas, e tocaria a campainha."
    Muito bom!

    ResponderExcluir