quarta-feira, janeiro 17

lembrei que gosto de escrever

 eu lembrei que gosto de escrever 

e me deu vontade de chorar

porque faz tempo que eu nao escrevo


não sei onde espalhar palavras para que elas cheguem a qualquer lugar

que tipo de ferramenta é essa que nos conecta por texto

longo?

a quem interessa?


encostei a cabeça no travesseiro e comecei a chorar

não exatamente assim 

mas parecido


é que lembrei da quantidade de fotos que tirei ao longo dos anos 

e nenhuma destas revelei 


pouquíssimas deixei acessível a quem interessava


muitos encontros 

momentos em família


memórias da gente junto

vovó sorrindo, contemplando o tanto de gente


eu lembro que eu gostava muito de conversar com a minha mãe 


comecei a chorar

porque não respondi à sua última mensagem 

e faz tempo que nao telefono

mesmo sentindo muita saudade 


eu to muito cansado do final do ano 

da virada pra cá, tô bem quietinho

entocado, na minha toca

processando, sentindo tudo

bem devagarinho

entendendo meu ritmo

aprendendo meu cuidado


ser sozinho é muita coisa


vez por outra

hoje mesmo

tá valendo mais arriscar um processo alérgico

do que dormir sem a companhia dos meus gatos


vique

segunda-feira, outubro 23

Até a saudade é tranquila

A tranquilidade perde poesia porque vem sem dor

Tal qual no samba,

A melancolia no verso evoca a beleza

A tristeza não é senhora coisa nenhuma

Não existe beleza maior

Do que a paz de um amor tranquilo

Com sabor de torta mordida (tomei liberdades, Cassia)

Entrelaçada em redes que eu não quero me soltar

Ou atraída por um ímã disfarçado de bochechas

Cuidado com as bochechas rosas!


Meu amor, pega cada pedaço de mim

Ou pega um dedinho só

Mesmo eu sendo do mundo

O mundo é teu

Zela por esse carinho

Invade minha família


-Xu




sexta-feira, fevereiro 24

Cada eu, carnaval

Cada (dia/conversa/evento/pessoa)

Cada me mexeu diferente

Cada precisou ser

Pra que eu fosse também

A impressão é que com cada eu vou descobrindo

Todas as eus que eu deixava de ser


O processo de voltar às origens

A busca pelos pedaços caídos no caminho

Busca inconsciente, mas constante

Até que acho (encontro ou penso?)

Descubro que o inconsciente está ativo


Eles e elas (ela, em especial)

Me acordando (literalmente ou figurativamente?)

Me espreguiçando

Me esfregando os olhos

Me deitando de novo

Afundando no travesseiro

Querendo passar o dia no colchão

No chão, no céu (ali mesmo)


Mas levanto e me renovo

Antiga

Lavada, completa


Foi carnaval

Mais do que a festa

O pré-pandemia dando as caras

O presságio da alegria de um ano inteiro

A coragem (coragem? Desejo, ânsia) de brincar

Os amores de quatro dias

O encanto

E glitter 

Glitter

Glitter

(até glitter comestível, juro)

Glitter no corpo inteiro

(brilhamos todos)

Mesmo depois do banho

(mesmo depois de dias)

E olhe que eu tomo banho direitinho

(mas eu gosto de brilhar)


Que ano que vem venha de novo, maior e melhor

sábado, fevereiro 18

quero te mimar profundamente


esse foi um tempo de muitas vivências
muitos encontros
na cidade

a princípio não sabia se conseguiria existir ali
y existi alis
plenamente

escrevo isso escutando o conde só brega, conde só pedrada
agora, os pássaros...
tempo passando
cachorro latindo
carros incessantes
a cidade mais parada
movimentação se sente em ondas, como o vento que corre, me bagunça
me atravessa?
mais ou menos...
sou mais ou menos poroso para a brisa que me percorre

tem sempre algum ruído
parei a música para sentir o silêncio
e aos poucos me dei conta de quão silencioso pode ser o ruído e quão ruidoso pode ser o silêncio
ou vice-versa

não estou confiante de que minhas palavras façam sentido ou interessem 
a quem quer que seja

mas a mim interessa muitíssimo que eu as escreva

"escrever com os olhos"

quero sorrir
te olhando nos olhos

te olhar é gostoso
tu olha e sustenta

me sinto hipnotizade pela tua existência

"escrever cartas de amor"

eu amo você e
amar você 
me enche de amor
para amar o mundo

amar é gostoso
escorre............

quis sentir o fogo nas bochechas
que sobe cada vez que você olha para mim
e sustenta olhar profundo, aberto

termino esse texto sentindo 
as bochechas ardendo e
o coração a pular no peito

>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>vique

sábado, setembro 17

Quantas vezes

Uma notícia difícil

Uma refrescância ruim

Como se tivesse hortelã circulando na minha corrente sanguínea

Irrigando meu rosto inteiro

Passando pelo meu peito, apertando o coração

Revirando meu estômago

Ardendo por dentro


Progresso desfeito, ao perceber que já não era pra arder assim, mas arde 


Assim

Eu corto a fonte do hortelã que em outro tempo me adoçou a boca

Agora sem frescor

segunda-feira, julho 11

Terminou, que ódio

Terminou

Acabou

Dessa vez, de verdade

Terminou, deixando apenas tudo

Agora reaprender a ser

O irônico é que dia desses eu tava falando de renovações... 

"Faz parte", "choices", "é o que é"

Que ódio ter a consciência de que melhor isso do que sofrer um pouco a cada final de semana

Que ódio preferir sofrer esse tanto, mas ainda ter esperança

Que ódio acabar com a esperança, mesmo sabendo que isso é melhor no longo prazo

Que ódio falar de "longo prazo" quando há algumas horas meu longo prazo era outro (na minha cabeça)

Que ódio nem conseguir falar disso direito

Antes tarde do que mais tarde

Eu falei ódio, mas é tristeza mesmo

Que ódio

sexta-feira, janeiro 28

Mudança

Júlia Alencar:

Minha gente


De repente bateu uma coisa tão estranha


Até agora a pouco eu tava tão bem, tão plena


Eu viajo amanhã e tô muito bem com a viagem e tudo


Mas de repente bateu uma tristeza de despedida


Como se eu tivesse me despedindo de mim


Tô chorando aqui "do nada"


Pq eu tava me olhando no espelho e percebendo que essa pessoa vai mudar tanto


Eu sei q revoluções são boas


E que de fato não precisa de uma mudança de cidade pra mudar uma pessoa, efetivamente eu poderia me despedir de mim todo dia


Mas bateu diferente


Alice:

Com certeza ami


Tb é uma despedida de vc mesma


:,)


Mas ao tempo tempo


Acho q a gente só se transforma muito quando há esse ímpeto


Jade Oliveira:

Aquela conversa das julias né amig


eh uma despedida eu acho tb


algumas julias vão ficar p trás


Mas tu vai descobrir tantas nova tb


💛